Sunday, November 05, 2006

Tripping out of my space

Tambem, estava a ver que nao me deixavam carregar o blogger... dasse, isto sou ou estou mesmo num inferno. ha momentos que me esqueco que ainda continuo no planeta terra e que tudo isto nao passa dum pesadelo... mas o pior e' que nao ha' meio de acordar. Ate' me parece muito inapropriado vir para aqui agora com lamurias. Nao foi que nao me tivessem avisado, e que eu ate' tinha alguns pressentimentos, mas nunca pude imaginar que fosse assim tao dificil de tolerar o que me rodeia aqui.
Faltam-me as enegias para teclar e mais ainda para pensar com clareza, mas em poucas palavras, encontrei aqui tudo aquilo que nao procuro, evito e rejeito, na vida.
Talvez se deva, 'aquela fase a que eu graciosamente, um dia em Taiwan aqui designei num post, de "periodo de resistencia". A fase pela qual passamos quando chegamos a um pais novo, apos o periodo inicial da descoberta do desconhecido, quando ainda tudo nos parece engracado e diferente, a que eu tambem aqui designei de "lua de mel".
Mas caramba, a lua de mel nunca se deu, e aquilo pelo que estou aqui a passar e' mais uma auto-defesa do que resistencia. Poderia estar para aqui a teclar o dia todo, mas faltam-me mesmo as energias. So para dar alguns exemplos, que talvez ate' nem sejam os piores, o transito aqui e' de loucos, quem nao tem carro ou conduz, nao tem lugar nas ruas. Os semaforos sao quase inexistentes e quando existem, sao apenas para os carros. Cada travessia duma rua, e' quase uma tentativa de suicidio. O calor, esse ja' era esperado, e' literalmente abrazador, e e' so' assim porque os dias ja' estao "menos quentes". As pessoas, dividem-se entre muitos grupos, mas quase todos aprenderam e adaptaram-se 'as condicoes locais - e' na verdade essencial ser-se agressivo para tudo, ate' para caminhar. Este ambiente cria monstros, e logo de pequeninos se nota a brutalidade dos gestos e posturas. E' demasiado violento para qualquer ser humano que chegue aqui vindo de qualquer sitio e muito mais ainda talvez quando se veu de culturas onde o zen era a filosofia de vida. Hong Kong, comparado com isto, e' uma paisagem do Tibete!
Nao me vou adiantar mais na descricao das pessoas, pois talvez esteja a ser injusto, generalizar do modo que estou a fazer. Apenas queria salientar, como ignorante que sou, que me mete imensa impressao ter que olhar para mulheres completamente cobertas de negro, com tanto calor, e muitas delas afinal nem os buracaos para os olhos teem. Nao sei como hei-de reagir em muitas situacoes. como por exemplo quando seguro a porta a uma senhora e lhe sorrio, nao sei o que se passa por detraz do pano preto. Tento enxergar o contorno do rosto, mas sinto que ha medo do outro lado do pano e fico sem saber se fiz bem ou se fiz mal. Mete-me impressao de ver as mulheres todas cobertas de negro nos corredores do supermercado e os filhotes 'a procura de qual vulto negro e' a mae. Mete-me impressao ver constantemente a mesma coisa, elas de negro e eles de branco, elas ataz e eles 'a frente, mete-me impressao e nao sei se hei-de olhar, de sorrir ou de fechar os olhos a tudo e olhar para o chao. Nao sei como hei-se ser aqui, so sei que nao sou que sao aqui. Mete-me impressao trabalhar com uma mulher, colega a fazer o servico de secretaria e de nao saber como ela e', nem as expressoes faciais que ela faz. Se ela sorri ou se ela se assusta, pois so lhe vejo os olhos e nao consigo ler mais nada, para alem de medo. Nao sei se me vou habituar a isto tudo e a muito mais que nao vou ter energias para aqui deixar escrito.
Sei neste momento, que a onda de negativismo e' demasiada e tenho consciencia de que isso me esta a afectar a forma como eu me tento defender deste novo mundo, que aparentemente nao me parece que tem algo a haver comigo.
Sei que do outro lado do muro, ha' um desrto fantastico e sei se eu tivesse tido a sorte de ter la iniciado a minha estadia neste pais, talvez me preparasse melhor para tudo isto que eu estou a ter dificuldades em aceitar.
Para ja', sei que vou ter de arranjar maneira de me por a milhas e de ir reflectir longe daqui se quero continuar este desafio a que me sujeitei e, reconheco agora, para o qual nao me preparei, minimamente.
Tenho que arranjar maneira de conseguir obter um visto de saida, (sim ate' para isso nos controlam, mas disso falaremos um dia). Ainda nao decidi se vou levar tudo comigo, porque talvez esteja so a passar um periodo de adaptacao dificil e o trabalho e' de facto aliciante, talvez o pico da minha carreira.
Vou ter que ponderar e arquitectar um plano de accao, e tudo havera' de correr bem.
Posto isto, para quem me le, meus amigos, eu estou bem, numa trip ma', mas estou bem e vai ser muito giro um dia eu gozar comigo mesmo, pela forma patetica com que eu lidei com esta situacao.
Ate' parece que o nomme deste blogue, foi inspirado neste episodio da minha vida!
Ate' ja', oxala', como estes gajos para aqui dizem a toda a hora que ate' irrita.