Sydney e' uma cidade cuidadosamente desenhada para recriar lindos postais. O planeamento urbano quase perfeito, nao menospreza o design de cada edificio nem a sua localizacao. Posiciona cada um de acordo com a sua altura e a dos edificos adjacentes, de modo a integra-lo no conjunto, tal como livros ordenados por altura, em estantes bem arrumadinhas. As arvore, as plantas, a relva e ate' as aves "decorativas", sao minuciosamente colocadas nos sitios certos, de modo a que os postais resultem sempre bem enfeitados, tal como as mesas centrais dos halls de entrada dos grandes hoteis.
Este ordenamento emite sem duvida, uma certa beleza, mas para mim, demasiadamente artificial ou demasiadamente ordenada e contemporânea (ca' esta' a ausencia da alma a que me referia). E' como a beleza transmitida por modas ocasionais que ao fim de algum tempo transformam o êxtase inicial em enjoo e tédio. Isto porque, a capa linda e vistosa esconde um certo vazio.
Cidades como Lisboa, Porto, Argel, Marraqueche, Cairo, Praga, Budapeste, Atenas, Paris, Kyoto, Kathmandu e 1000 etcs... podem 'as primeiras vistas, nao exibirem capas tao vistosas e atraentes, mas quando se entra nelas, descobrimos quão densas elas sao e quanta beleza, o caos lhes atribui.
So para melhor ilustrar o que quiz transmitir, facamos uma comparacao em termos culinários: Sydney e' uma refeicao fast food com bonita apresentacao, enquanto que as outras cidades referidas, talvez sejam mais como uma caldeirada, sem apresentacao vistosa mas com ingredientes de elevado valor nutritivo.
Pessoalmente prefiro uma boa caldeirada, mas uma refeicao fast food de vez em quando, a titulo excepcional, tambem nao faz mal e ate' sabe bem quando nao se consome frequentemente nem demasiadamente.
Ha' gostos para tudo, e ainda bem!
Apresento-vos, Beautiful Sydney:
photos by Nic at Sydney, Australia - May 2006
Descriptions and impressions acquired when travelling abroad... As viagens aqui blogueadas, sao percursos fisicos e mentais, feitos fora da minha terra...
Thursday, June 08, 2006
Wednesday, June 07, 2006
Tuesday, June 06, 2006
A Alma dum País
O conceito de “alma dum país”, do modo em que o apresento aqui, e’ um conceito pessoal, tratando-se apenas de uma forma metaforica de descrever o que sinto (ou nao), num primeiro contacto com um país ou com uma cultura ate’ ai’ desconhecidos.
Talvez seja um exagero da minha parte afirmar que um determinado país nao tenha alma, pois se e’ habitado por seres humanos e por definicao, esses de certeza possuem-a.
Quando afirmei que a Australia e’ um pais sem alma, obviamente nao me referia ‘a alma individual de cada cidadao, mas ao que sentia em contacto com o “todo”.
Descrevo-o este "todo", de forma empírica, como uma especie de energia libertada e pressentida em contacto directo com um espaco e as pessoas que ocupam esse espaco bem como os seus comportamentos, habitos, costumes, rituais, etc... E' o que se sente quando em contacto com uma cultura que teve uma evolucao natural de muitos seculos e milenios, comum a concidadaos que ocupam um determinado territorio.
O impacto deste “todo” na minha pessoa, ou seja o processo de interaccao entre a minha pessoa e esse país, permite-me detectar, sentir e de certa forma "medir" a alma desse país. Considero que quanto maior for esse impacto, mais rica e densa e’ a alma desse país.
Um país com muitos seculos de historia, como uma cultura fortemente enraizada, definida e estampada por dentro e por fora, na architectura, no dna das pessoas, na forma de se comportarem, de comunicarem, de viverem, de se correlacionarem, de celebrarem a vida, etc, tem ‘a partida uma alma, a qual nao podera’ passar despercebida a qualquer forasteiro de passagem.
Por outro lado, e para regressar ao exemplo concreto da Australia, trata-se dum país onde o desenvolvimento natural do seu povo nativo, os chamados aborigines, cuja presenca no territorio data de um periodo de ha’ cerca de 30 a 40 mil anos, foi abruptamente interrompido, e mesmo erradicado com a chegada dos colonos em Janeiro de 1788, dai' resultando o desaparecimento da alma nativa.
Os ingleses imposeram a sua forca e modos de vida e a pouco e pouco foram destruindo um povo e cultura de milhares de seculos. Desta forma, foram destruindo a alma natural desse territorio.
Recriaram artificialmente, a alma que traziam e por caracteristicas intrinsecas ‘a sua cultura, marcaram a paisagem com formas (apenas visiveis das fundacoes da cultura que carregavam nas bagagens. Como processo artificial que foi, e de tao curto tempo que teve ate’ ao presente, o que se ve hoje da cultura anglo-saxónica, nao e’ o que se sente.
Tal como os colonos recem-chegados apagaram a alma que encontraram, a distancia e o tempo tambem apagam as origens da alma que querem recriar no novo territorio, e o que se vai reproduzindo vai tomando caracteristicas proprias do novo mundo.
Restam contudo os tracos visiveis e imitados da origem, contudo nao sao sentidos e por isso nao alimentam a actual alma local.
As cidades transmitem a necessidade de relembrar as raizes da cultura que ocupou este territorio.
Assim enfeita-se a cidade com as fundacoes da civilizacao occidental, criam-se altares aos fundadores da colonia e discretamente decoram-se com pequenas alusoes a quem la ja estava e nada tem a haver com o que la esta’.
Conscientes de um mundo contemporaneo mais politicamente correcto, promovem de forma commercial mas em pequena e humilde escala, aquilo que encontraram e destruiram, a cultura aborinea.
A Australia, um pais superficialmente lindo, de paisagens encantadoras, de gentes simpaticas e com uma optima qualidade de vida, para mim e’ um pais muito novo para revelar a sua nova alma que decerto se formara’ ao longo dos proximos seculos e milenios, caso este novo processo de formacao e crescimento nao seja outra vez artificialmente interrompido.
Ate’ la’, no meio do conforto material e calor natural, sente-se um certo vazio e uma certa monotonia. Sente-se no tempo que separa, as sessoes de praia, os copos, as visitas a museus, os espetaculos, o vazio entre a alma que ja nao existe e aquela que ainda nao se formou,
Um vazio que so e’ temporariamente preenchida com paisagens deslumbrantes e contactos muito comtemporaneos!
Este texto e’ apenas uma refexao, do forma como senti a Australia. Nao tem qualquer base cientifica ou academica.
Se calhar, a boa disposicao e simplicidade com que os Australianos curtem a vida, a boa cerveja e bons vinhos sao suficientes para preencher a alma de muitas pessoas. A minha e’ que talvez seja um pouco exigente ou talvez esteja mal habituada por ser originaria do velho continente e de estar exposta a outras com milhares de anos de existencia.
De qualquer dos modos como iremos ver nos posts que se seguem, a Australia recomenda-se altamente para umas ferias, em particular se estiver a passar pela zona!
photos by Nic at Sydney, Australia - May 2006
Talvez seja um exagero da minha parte afirmar que um determinado país nao tenha alma, pois se e’ habitado por seres humanos e por definicao, esses de certeza possuem-a.
Quando afirmei que a Australia e’ um pais sem alma, obviamente nao me referia ‘a alma individual de cada cidadao, mas ao que sentia em contacto com o “todo”.
Descrevo-o este "todo", de forma empírica, como uma especie de energia libertada e pressentida em contacto directo com um espaco e as pessoas que ocupam esse espaco bem como os seus comportamentos, habitos, costumes, rituais, etc... E' o que se sente quando em contacto com uma cultura que teve uma evolucao natural de muitos seculos e milenios, comum a concidadaos que ocupam um determinado territorio.
O impacto deste “todo” na minha pessoa, ou seja o processo de interaccao entre a minha pessoa e esse país, permite-me detectar, sentir e de certa forma "medir" a alma desse país. Considero que quanto maior for esse impacto, mais rica e densa e’ a alma desse país.
Um país com muitos seculos de historia, como uma cultura fortemente enraizada, definida e estampada por dentro e por fora, na architectura, no dna das pessoas, na forma de se comportarem, de comunicarem, de viverem, de se correlacionarem, de celebrarem a vida, etc, tem ‘a partida uma alma, a qual nao podera’ passar despercebida a qualquer forasteiro de passagem.
Por outro lado, e para regressar ao exemplo concreto da Australia, trata-se dum país onde o desenvolvimento natural do seu povo nativo, os chamados aborigines, cuja presenca no territorio data de um periodo de ha’ cerca de 30 a 40 mil anos, foi abruptamente interrompido, e mesmo erradicado com a chegada dos colonos em Janeiro de 1788, dai' resultando o desaparecimento da alma nativa.
Os ingleses imposeram a sua forca e modos de vida e a pouco e pouco foram destruindo um povo e cultura de milhares de seculos. Desta forma, foram destruindo a alma natural desse territorio.
Recriaram artificialmente, a alma que traziam e por caracteristicas intrinsecas ‘a sua cultura, marcaram a paisagem com formas (apenas visiveis das fundacoes da cultura que carregavam nas bagagens. Como processo artificial que foi, e de tao curto tempo que teve ate’ ao presente, o que se ve hoje da cultura anglo-saxónica, nao e’ o que se sente.
Tal como os colonos recem-chegados apagaram a alma que encontraram, a distancia e o tempo tambem apagam as origens da alma que querem recriar no novo territorio, e o que se vai reproduzindo vai tomando caracteristicas proprias do novo mundo.
Restam contudo os tracos visiveis e imitados da origem, contudo nao sao sentidos e por isso nao alimentam a actual alma local.
As cidades transmitem a necessidade de relembrar as raizes da cultura que ocupou este territorio.
Assim enfeita-se a cidade com as fundacoes da civilizacao occidental, criam-se altares aos fundadores da colonia e discretamente decoram-se com pequenas alusoes a quem la ja estava e nada tem a haver com o que la esta’.
Conscientes de um mundo contemporaneo mais politicamente correcto, promovem de forma commercial mas em pequena e humilde escala, aquilo que encontraram e destruiram, a cultura aborinea.
A Australia, um pais superficialmente lindo, de paisagens encantadoras, de gentes simpaticas e com uma optima qualidade de vida, para mim e’ um pais muito novo para revelar a sua nova alma que decerto se formara’ ao longo dos proximos seculos e milenios, caso este novo processo de formacao e crescimento nao seja outra vez artificialmente interrompido.
Ate’ la’, no meio do conforto material e calor natural, sente-se um certo vazio e uma certa monotonia. Sente-se no tempo que separa, as sessoes de praia, os copos, as visitas a museus, os espetaculos, o vazio entre a alma que ja nao existe e aquela que ainda nao se formou,
Um vazio que so e’ temporariamente preenchida com paisagens deslumbrantes e contactos muito comtemporaneos!
Este texto e’ apenas uma refexao, do forma como senti a Australia. Nao tem qualquer base cientifica ou academica.
Se calhar, a boa disposicao e simplicidade com que os Australianos curtem a vida, a boa cerveja e bons vinhos sao suficientes para preencher a alma de muitas pessoas. A minha e’ que talvez seja um pouco exigente ou talvez esteja mal habituada por ser originaria do velho continente e de estar exposta a outras com milhares de anos de existencia.
De qualquer dos modos como iremos ver nos posts que se seguem, a Australia recomenda-se altamente para umas ferias, em particular se estiver a passar pela zona!
photos by Nic at Sydney, Australia - May 2006
Monday, June 05, 2006
No, worries mate!
Na impossibilidade de tomar uma decisao, face a uma tentadora oferta de trabalho em Melbourne, decidi deslocar-me ao local para encontrar a resposta que procurava.
Ainda bem que o fiz, porque as razoes que me levaram a tomar a decisao, nao as poderia conhecer, sem me la ter deslocado.
Tudo o que se le e se ve sobre a Australia, e’ positivo e tudo nos leva a querer de que se trata de um pais magnifico oferecendo niveis elevados de qualidade de vida. Assim o e', de facto a Australia e’ esse país com paisagens naturais deslumbrantes e com cidades concebidas para postais.
Confesso que estava bastante indeciso e houve momentos, particularmente quando estava ‘a beira mar, que a minha decisao pendia para o lado do Sim. Depois de algum tempo e sem surpresas, pude ver o que me fazia hesitar: a Australia e’ para mim, um país superficialmente lindo mas sem alma.
E assim bastou juntar uma virgula 'a famosa expressao australiana, para lhes dar a resposta que procurava:
No, worries mate!
As fotos seguem-se dentro de momentos.
Ainda bem que o fiz, porque as razoes que me levaram a tomar a decisao, nao as poderia conhecer, sem me la ter deslocado.
Tudo o que se le e se ve sobre a Australia, e’ positivo e tudo nos leva a querer de que se trata de um pais magnifico oferecendo niveis elevados de qualidade de vida. Assim o e', de facto a Australia e’ esse país com paisagens naturais deslumbrantes e com cidades concebidas para postais.
Confesso que estava bastante indeciso e houve momentos, particularmente quando estava ‘a beira mar, que a minha decisao pendia para o lado do Sim. Depois de algum tempo e sem surpresas, pude ver o que me fazia hesitar: a Australia e’ para mim, um país superficialmente lindo mas sem alma.
E assim bastou juntar uma virgula 'a famosa expressao australiana, para lhes dar a resposta que procurava:
No, worries mate!
As fotos seguem-se dentro de momentos.
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