Talvez seja um exagero da minha parte afirmar que um determinado país nao tenha alma, pois se e’ habitado por seres humanos e por definicao, esses de certeza possuem-a.
Quando afirmei que a Australia e’ um pais sem alma, obviamente nao me referia ‘a alma individual de cada cidadao, mas ao que sentia em contacto com o “todo”.
Descrevo-o este "todo", de forma empírica, como uma especie de energia libertada e pressentida em contacto directo com um espaco e as pessoas que ocupam esse espaco bem como os seus comportamentos, habitos, costumes, rituais, etc... E' o que se sente quando em contacto com uma cultura que teve uma evolucao natural de muitos seculos e milenios, comum a concidadaos que ocupam um determinado territorio.
O impacto deste “todo” na minha pessoa, ou seja o processo de interaccao entre a minha pessoa e esse país, permite-me detectar, sentir e de certa forma "medir" a alma desse país. Considero que quanto maior for esse impacto, mais rica e densa e’ a alma desse país.
Um país com muitos seculos de historia, como uma cultura fortemente enraizada, definida e estampada por dentro e por fora, na architectura, no dna das pessoas, na forma de se comportarem, de comunicarem, de viverem, de se correlacionarem, de celebrarem a vida, etc, tem ‘a partida uma alma, a qual nao podera’ passar despercebida a qualquer forasteiro de passagem.
Por outro lado, e para regressar ao exemplo concreto da Australia, trata-se dum país onde o desenvolvimento natural do seu povo nativo, os chamados aborigines, cuja presenca no territorio data de um periodo de ha’ cerca de 30 a 40 mil anos, foi abruptamente interrompido, e mesmo erradicado com a chegada dos colonos em Janeiro de 1788, dai' resultando o desaparecimento da alma nativa.
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Os ingleses imposeram a sua forca e modos de vida e a pouco e pouco foram destruindo um povo e cultura de milhares de seculos. Desta forma, foram destruindo a alma natural desse territorio.
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Recriaram artificialmente, a alma que traziam e por caracteristicas intrinsecas ‘a sua cultura, marcaram a paisagem com formas (apenas visiveis das fundacoes da cultura que carregavam nas bagagens. Como processo artificial que foi, e de tao curto tempo que teve ate’ ao presente, o que se ve hoje da cultura anglo-saxónica, nao e’ o que se sente.
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Tal como os colonos recem-chegados apagaram a alma que encontraram, a distancia e o tempo tambem apagam as origens da alma que querem recriar no novo territorio, e o que se vai reproduzindo vai tomando caracteristicas proprias do novo mundo.
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Restam contudo os tracos visiveis e imitados da origem, contudo nao sao sentidos e por isso nao alimentam a actual alma local.
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As cidades transmitem a necessidade de relembrar as raizes da cultura que ocupou este territorio.
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Assim enfeita-se a cidade com as fundacoes da civilizacao occidental, criam-se altares aos fundadores da colonia e discretamente decoram-se com pequenas alusoes a quem la ja estava e nada tem a haver com o que la esta’.
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Conscientes de um mundo contemporaneo mais politicamente correcto, promovem de forma commercial mas em pequena e humilde escala, aquilo que encontraram e destruiram, a cultura aborinea.
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A Australia, um pais superficialmente lindo, de paisagens encantadoras, de gentes simpaticas e com uma optima qualidade de vida, para mim e’ um pais muito novo para revelar a sua nova alma que decerto se formara’ ao longo dos proximos seculos e milenios, caso este novo processo de formacao e crescimento nao seja outra vez artificialmente interrompido.
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Ate’ la’, no meio do conforto material e calor natural, sente-se um certo vazio e uma certa monotonia. Sente-se no tempo que separa, as sessoes de praia, os copos, as visitas a museus, os espetaculos, o vazio entre a alma que ja nao existe e aquela que ainda nao se formou,
Um vazio que so e’ temporariamente preenchida com paisagens deslumbrantes e contactos muito comtemporaneos!
Este texto e’ apenas uma refexao, do forma como senti a Australia. Nao tem qualquer base cientifica ou academica.
Se calhar, a boa disposicao e simplicidade com que os Australianos curtem a vida, a boa cerveja e bons vinhos sao suficientes para preencher a alma de muitas pessoas. A minha e’ que talvez seja um pouco exigente ou talvez esteja mal habituada por ser originaria do velho continente e de estar exposta a outras com milhares de anos de existencia.
De qualquer dos modos como iremos ver nos posts que se seguem, a Australia recomenda-se altamente para umas ferias, em particular se estiver a passar pela zona!
photos by Nic at Sydney, Australia - May 2006
6 comments:
Sem alma grupal ou sem uma alma que se faça sentir a quem vem do velho continente? Realemnte com a experiência diferente desse povo duas almas tão díspares não se conjugam de forma próxima num primeiro contacto, não é?
Aguardam-se mais informações... :D
Excelente visão do artigo, e adorei as fotos das estátuas, tenho paranoia por estátuas e seus detalhes.
Muito bem escrito!
Mafi,
Nao e' bem ser dificil a integracao neste Mundo Novo, pois ate' cresci nele. A questao e' que a cultura dos individuos que la' residem, nao vai muito mais alem do aprenderam na escola... indepenmdentemente das suas origens, a partir da segunda geracao, bloqueiam e nao querem nada a haver com as culturas dos pais, criando um vazio enorme, porque a local so tem mesmo a haver com o quotidiano!
e' por isso!
:)
Maria Clarinda,
Obrigado pelo feedback.
Aqui vao mais estatuas para ti.
:)
t,
es muito simpatica. o conteudo ate' pode ser intertessante mas tenho mesmo algumas deficiencias na forma.
obrigado
:)
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