Friday, June 24, 2005

Tripping in Cambodia - part V - A magia de Angkor Watt

A experiencia vivida nestes ultimos dias no Cambodja, estava intimamente a mexer conosco. Varias vezes falavamos do assunto com vozes de admiracao e todos concordavamos que traziamos conosco uma serenidade desconhecida e so ali encontrada. Talvez fosse o cansaco de tanto absorver coisas novas, do contacto tao proximo de uma realidade completamente desconhecida ou da constante excitacao para o que viria a seguir. O efeito sabia bem e era isso que interessava naquele momento.
Partimos bem cedinho ainda de noite, antes do Sol nascer, pois disseram-nos que se O vissemos nascer em Angkor Watt, compreenderiamos o porque de tanta insistencia...
Hoje era o grande dia, antecipado por nos, como o climax da nossa viagem, era o dia em que iamos visitar o Angkor Watt, o templo principal e maior da capital do imperio Khmer, construido no sec.XII e 800 anos depois viria a ser o icon do pais tornado-se na bandeira nacional do Cambodja.
‘A medida que nos iamos aproximando das ruinas de Angkor, o negro do ceu ia dando lugar a uma diversidade de cores das familias vermelho-laranja-amarelo. O espetaculo era tao absorvente que por momentos esqueci completamente onde e porque estava ali. Era o ceu, o palco que me prendia todos os sentidos.
Foi durante esta celebracao da natureza que avistei a silhueta de tres torres e duas palmeiras, num arranjo quase prefeitamente simetrico - era finalmente o Angkor Watt.
Paramos a motorizada e contemplei o momento, o que via e o que sentia era demasiado bonito e surreal, estaria eu a tripar noutras dimensoes - cheguei a pensar - mas nao, estava ali e aquilo estava a acontecer. Rendi-me e agradeci a tudo o que me aconteceu na vida, de bom e de mau, tudo que me levou a um percurso culminante neste momento de magia.
Em extase nao, mas intensamente maravilhado fui caminhando numa passarela de pedra em direccao ‘a entrada principal. Fosse eu capaz de pintar quadros com palavras, explicaria aqui o que ia sentindo ‘a medida que os meus pes pousavam alternadamente naquelas pedras e os meus olhos brilhavam constantemente, pousados naquele momento.'A falta dessa arte, digo simplesmente que era magia.
Apos 800 metros de efeitos especias sobre pedras de 800 anos, chego ‘a entrada do templo. O sol ja se avista, penetra horizontalmente nas suas aberturas enchendo-o de vida. Os relevos e texturas ganham uma 4a dimensao e acompanham os principes e princesas que sobressaim das paredes, em dancas de luz e de sombra.
Ficam aqui algumas fotografias que talvez deiam uma ideia daquilo que senti.
Quando nos voltamos a reunir (pois decidimos fazer esta visita, separdos, a sos), todos concordamos em unisono: Em Angkor Watt sente-se magia no ar!











photos by me @ Angkor Watt - Feb.1996

Este Post e’ dedicado ao Juanito que me o tinha pedido ‘a uns meses e ao Monastero que disse que nao iria gostar mais de mim se eu lhe confirmasse que tinha ido a Angkor, ‘a Elvira que e’ asia-addicted e a tod@s que por aqui passarem.
Bom Fim de Semana

Na Segunda feira nao perca o ultimo episodio desta serie:
Tripping in Cambodia - part VI e ultima – People of Cambodia

meanwhile in Taiwan II


Yida Huang (黃義達) lanca um novo album,"Exclusive Code" ("專屬密碼"), nao muito amado pela critica mas pelo menos compoem as suas musicas e tem grande sucesso comercial! (I wonder why?!)


Jolin Tsai (蔡依林), carinhosamente chamada a "little queen of pop", tambem lanca mais um album, "J-Game (野蠻遊戲), constantemente criticada e cuscovilhada pelos media, tem tambem um extrondoso sucesso comercial! (I wonder why, too?!)

Para mais informacao do que se produz hoje em Taiwan em termos de musica "Mando-Pop" de colidade (porque este post era so mesmo para mostrar as caras lindas, a razao do sucesso comercial), clique aqui.

meanwhile in Taiwan...

... nao para de chover!
estes ultimos dias desisti de falar de chuva, pois ela tinha acalmado no fim de semana passado e tambem ja nem podia com o assunto (e nem decerto voces aqui... apesar da seca que vai por ai'). Guess what? Ela voltou de novo e nao tem parado.
O pior e' que devido a chuvas intensas tive que desmarcar o fim de semana na ilha dos pescadores 'a cerca de tres semanas, e marquei a partida (na altura) para hoje, a pensar que entretanto o diluvio deveria parar... mas enganei-me.
La fora, a chuva intensa e trovoada deixam-me advinhar o fim de semana que me espera. Ja' se imaginaram na ilha das Berlengas (ilhotas desertas ao largo de Peniche) a passar um fim de semana com chuvadas e trovoadas? Eu tambem nao, mas tenho a impressao que este fim de semana vou ter a oportunidade de viver semelhante experiencia!
Daqui a umas horas tenho a avioneta para a ilhota, e desta vez sem poder desmarcar.
Resta-me a espernanca de que haja algum milagre e o tempo mude radicalmente...
Entretanto deixo-vos com cenas do quotidiano dos habitantes da Formosa, cenas que ja se tornaram em rotina.


Thursday, June 23, 2005

Tripping in Cambodia - part IV - 'A descoberta da cidade perdida - Angkor

Imagino eu que deveria ter sido assim ou algo semelhante a experiencia de Henri Mouhot, quando em 1860, algures no nordeste do Cambodja, decidiu por curiosidade, ir ver mais de perto que pedras eram aquelas cobertas pela vegetacao. Mal diria ele que o levantar duns ramos de lianas iriam por a descoberto nao um monte de pedras mas as ruinas duma capital perdida dum imperio desfeito por homens, pelo tempo e pela natureza.

Ao caminhar-se entre as ruinas dos templos, sente-se uma energia particular. Algo se apodera de nos, transmitindo-nos uma enorme paz de espirito, serenidade, apreensao e curiosidade. Uma estranha energia libertada pelas ruinas repousa dentro de nos sob forma de calmaria e rendicao, fazendo-nos sentir que o passado de certo modo continua presente naquelas pedras.

Em 1992, a UNESO atribui a Angkor, o estatuto de Patrimonio Mundial em risco.

"Angkor is one of the most important archaeological sites in South-East Asia. Stretching over some 400 sq. km, including forested area, Angkor Archaeological Park contains the magnificent remains of the different capitals of the Khmer Empire, from the 9th to the 15th century."

Mas mais informacoes 'a cerca de Angkor e sua historia, clique aqui.
Entretanto vamos la' dar uma voltinha!

La’ ao longe, por entre a vegetacao densa da selva avistam-se uns pedragulhos ponteagudos


Ao caminhar por entre a selva, deparamo-nos de quando em quando com amontoados de pedras
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olhando de perto ainda se consegue ver que outrora foram mais do que isso:
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A natureza e’ forte e acabou por vencer ao fim de tantos seculos de abandono:


E das ruinas renasce vida
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os registos de outras epocas deixam-nos divagar sobre a actividade duma civilizacao perdida no tempo e no espaco



Depois de tantos seculos de abandono, renasce tambem a vontade de dar vida ‘as pedras que um dia a representaram.


E algumas delas ainda mantem a sua imponência como se nunca tivessem deixado de ser adoradas


‘A volta deste museu vivo de misterio e historia, repousam lagos reflectindo serenamente as imagens dum passado que se misturam com o presente.
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Photos by me at Angkor, Feb.1996

Amanha: A Magia de Angkor Watt

Wednesday, June 22, 2005

Tripping in Cambodia - part III - "Voyage à Siam"

‘A medida que os dias foram passando, o nosso medo e preocupacao foi dando lugar a um sentimento de compaixao e simpatia pelas pessoas de Phnom Penh.
Fomos ouvindo as suas historias dramaticas que viveram durante os ultimos anos sempre em guerra. Reparavamos que nao era com revolta que nos contavam os seus dramas nem com inveja que nos olhavam. Eram seres humanos conscientes da suas condicoes precarias mas felizes por ja’ nao estarem em guerra e por nos ver ali com eles. Davamos-lhes a ideia que os estrangeiros voltavam a ter confianca no seu pais. Os sorrisos genuinamente cativantes e humildes, associados ao que ouviamos e ao que viamos contagiou-nos duma imensa compaixao e auto-consciencializacao de como nos ocidentais temos tanto e nem sempre sabemos aperciar o paraiso em que vivemos.
Gerou-se entre nos um ‘a vontade entre aquele povo cativante que esquecemos completamente os riscos que corriamos (as barcacas eram por vezes atacadas pelos Khmer Rouge) e resolvemos ir para Siem Reap de barco.

Tal como o Henri Mouhot, explorador frances(1826-1861), o tinha feito em Janeiro de 1860 quando andava em busca dum acesso ‘a China a partir de Phom Penh, seguindo o Mekong para norte, acabando por descobrir uma vasta area de monumentos em ruinas – Angkor – o destino da nossa aventura.

As 6 horas de viagem, de Phnom Penh a Siem Reap, a subir o rio Mekong numa barcaça, sentados em sacos de arroz, deu para ir apreciando a paisagem, por vezes dando-nos a sensacao de que estavamos a viver um filme, mais concretamente o Apocalypse Now.

Este tempo deu tambem para descobrir a obra de Henri Mouhot, “Voyage à Siam et dans le Cambodge”. Foi com esta publicacao que o mundo occidental retomou contacto com a existencia duma cidade perdida da antiguidade, Angkor (capital do imperio Khmer, construida entre os sec IX e XIII). Henri Mouhot, designa esta parte do mundo por Siam, pois na altura (sec XIX), esta regiao, outrora pertencente ao imperio Khmer, pertencia a Siam. Para mais promenores deste periodo da historia dos imperios Siam e Khmer, clique aqui.

Entretanto, rio acima, a meio da viagem, entra-se no vasto imenso lago Tonle’ Sap, que mais parece um oceano, com povoacaoes flutuantes.

‘A medida que iamos subindo o rio, o que viamos e aprendiamos e sobretudo a humildade das pessoas, mexia conosco la' por dentro.

E foi assim que apos uma viagem fascinante e espiritualmente enriquecedora, chegamos a Siem Reap - cidade do Cambodja perto das ruinas de Angkor.

Amanha: Tripping in Cambodia - part IV - "'A descoberta da cidade perdida - Angkor"

Tuesday, June 21, 2005

Tripping in Cambodia - part II - The Streets of Phnom Penh

Phnom Penh em 1996, era uma cidade cinzenta, poeirenta e semi destruida. As crateras no meio das ruas, resultantes dos bombardeamentos, os edificos em ruinas e queimados, faziam-nos sentir que a guerra ainda nao tinha terminado.
A pobreza e o enorme numero de amputados provocava em nos uma angustia impotente!
Esta viajem ao Cambodga foi uma das mais marcantes para mim e contribuiu muito para que eu nunca mais me apetecesse ir embora da Asia.
Estao prontos? Vamos la' dar uma voltinha por Phon Phen:

Nao, nao sao os beatles... tambem pensei o mesmo!

Buddhist Monks - Phnom Penh - Feb.1996

O transito nao era caotico, simplesmente nao o havia...

Streets of Phnom Penh - Feb.1996

sendo mais frequente as creteras nas ruas resultantes dos bombardeamentos.

Streets of Phnom Penh - Feb.1996

O comercio comecava a emerigir e tentava-se fazer negocio em qualquer esquina

"barber shop" in the streets of Phnom Penh - Feb.1996

os postos de abastecimento de combustivel tambem, como o resto, eram em instalacoes muito humildes

"gas station" in the streets of Phnom Penh - Feb.1996

e vendiam-nos a gasolina em garrafas de refrigerantes.

"gas station" in the streets of Phnom Penh - Feb.1996

As regras basicas de seguranca eram desconhecidas para muitos

"gas station" in the streets of Phnom Penh - Feb.1996

e a 'seguranca' publica era ensaiada por policias, jovens filhos da guerra


e tropas que mantinham uma ordem... armada a chicote

Streets of Phon Phen - Feb.1996

E eram assim as ruas de Phnom Penh em 1996, emergindo dum periodo tragico e violento, onde se tentava apagar as marcas da guerra, distraindo a fome com sorrisos de esperanca de nunca mais voltar ao passado que na altura se tentava enterrar nas creteras das ruas de Phon Penh.

Children of Phnom Penh - Feb.1996

Nao perca amanha: Tripping in Cambodia - part III - "Voyage à Siam"

Monday, June 20, 2005

Tripping in Cambodia - part I

Estavamos em Dezembro de 1995, ha' um ano que me tinha instalado no sudoeste asiatico e de certo modo, ainda me sentia "de passagem" neste fascinante continente. Mais um ano novo chines se aproximava, o que significava mais umas ferias.
Lembro-me dessa altura recordar aquela sensacao de plena liberdade de escolha que se tem quando se faz o inter-rail, a liberdade de escolher a proxima paragem. Assim de mapa 'a minha frente, olho para o sudeste-asiatico e sem hesitar muito, escolho o Cambodja – sempre quis ir a Angkor Watt, e finalmente iria ter essa oportunidade, no meu segundo ano novo chines (o Ano do Rato) na Asia.
Nao liguei muita importancia ‘a admiracao feita pelo agente de viagens - "Cambodja, sure?!" - e acabei por obter o bilhete de aviao e o visto em relativamente pouco tempo. Foi so’ mais tarde, em conversa entre colegas, quando anunciei a minha decisao e vi as reaccoes deles, que pensei e compreendi a apreensao do agente de viagens (mal explicada por barreira de comunicacao). Literalmente todos me aconselharam a desistir da viagem pois a situacao no Cambodja era longe de ser considerada segura.
Na altura, o acesso ‘a internet era ainda muito restrito mas com alguma investigacao, acabei por compreender o porque da inquietacao dos meus colegas:
Em 1996, os Khmer Rouge ainda eram activos no Cambodja e nas ultimas tentativa de se fazerem ouvir / notar, atacavam com frequencias alvos civis.
Outra ameaca e risco permanenete eram as minas, como resultado de duas decadas de guerra, o Cambodja estava perigosamente minado.

"1994, Jul 26 - In Cambodia 3 Western backpackers were kidnapped from a train by the Khmer Rouge. The surprise train attack left 13 dead. Frenchman Michel Braquet, Briton Mark Slater, and Australian David Wilson were held at the base of Nuon Paet, who later ordered them killed.

1994 - Cambodia’s 7 million mines amount to two for every single Cambodian child, and between 200 and 250 people become victims every month.

1996, Mar - The Khmer Rouge kidnapped Christopher Howes, a mine-clearing expert from Bristol, England, and Hun Hourth, his interpreter. They were released on Nov 20 by defecting guerrillas. It was reported in 1998 that the two men were killed shortly after their abduction.

1996, Apr 16 - Khmer Rouge guerillas attacked a group of tourists near Kompot, 85 miles southwest of Phnom Penh. Reports have it that they killed and wounded a number of people and kidnapped about 20."


(E infelizmente assim continuou a ser ate' 1999 - um ano depois da morte de Pol Pot - a violencia e turbulencia politica comecam a acalmar. Para mais detalhes historicos do Cambodja, clique aqui).

Confesso que tentei desistir da viagem mas o reembolso nao era possivel e atendendo ‘a epoca do ano, nao consegui lugar num outro voo para outro destino da regiao.
A medo, a verdade seja dita, e pela primeira vez antes de uma viagem, hesitei, mas acabei por me por a caminho!

E foi assim, que em Fevereiro de 1996, aterrava em Phnom Penh para uma aventura num Cambodja ainda aterrorizado pelos Khmer Rouge, comandados ainda pelo criminoso Pol Pot.


Royal Cambodia Airlines - Phnom Penh, Cambodia - Feb.1996