Goa e' mais um exemplo vivo da politica de colonizacao portuguesa, baseada em casamentos interraciais. Portugal controlou e governou Goa de 1510 a 1961. Ha portanto cerca de 44 anos que Portugal deixou de exercer poder no territorio, contudo este periodo de tempo e' relativamente curto e insuficiente para apagar as marcas de 450 anos.
Para alem das marcas tangiveis e visiveis na arquitectura, na religiao e ate' nos habitos alimentares ha' marcas que me tocaram pela estranha sensacao de familiaridade que provocaram em mim: A arquitectura familiar chamou-me 'a atencao e decidi parar, era uma escola primaria, com a tradicional igreja catolica ao lado.
Estava a admirar e a reconhecer as origens do estilo arquitectonico quando suou campainha e de repente o entao vazio recreio encheu-se de criancas prontas a aproveitar o recreio como de costume. Ao olharem para mim, param, calam o alarido e aproximam-se lentamente. Depressa fui rodeado de criancas curiosas, sorridentes e de olhares intensos. Havia algo de familiar naqueles olhares e ao se apresentarem, os apelidos vieram explicar o que sentia - estava rodeado de pequenos Silvas, Fernandes, Pereiras e outros parentes afins.


Photos by Nic @ Goa - Feb.1998
Esta e' a parte da nossa historia de colonizadores que eu mais gosto. Apesar de se saber que o processo nao foi assim tao cheio de paz e de amor, envolve sem duvida algum romantismo.
Visto de mais perto e de outro angulo, verifica-se o contrario, uma mulher chinesa oferece uma flor a um marinheiro portugues, representando neste gesto, as boas vindas dos portugueses, pela parte dos chineses. A historia registada pela China, conta outra versao, mas agora pouco interessa, nao vou desmanchar o romantismo desta bonita estatua.



Se Portugal continua vivo nas ruas de Macau, a China tambem nunca deixou estas paragens e protegida das estratégias maquiavélicas de Mao Tse Tung (毛澤東), parece de certa forma ter-se conservado melhor.
Estas lojas situam-se nas ruelas adjacentes a norte do centro historico de Macau. Para alem das lojas estabelecidas, em alguns cantos de ruas, os vendedores ambulantes instalam-se a vender variadissimos objectos de arte e reliquias do passado. Sente-se uma certa magia talvez pela carga do tempo visivel em tudo o que se ve. Um gramofone a tocar um disco de 78 rotacoes de uma opera chinesa, tanto nos pode levar a
O tempo aqui parece parado, pouco ou nada mudou nestas ruelas de ha' umas boas decadas para ca'. Tudo parece indiferente 'a velocidade com que o progresso transforma o territorio nao muito longe destas ruelas. Tal como os objectos 'a venda, os vendedores sao os mesmos. Tudo esta' igual como ha' 10 anos, e talvez ha' 20, 50 ou 70 anos.
Aterrar em Macau, para mim, continua a ter muitas semelhancas de aterrar em Lisboa. Apesar do territorio de Macau ter sido devolvido 'a Republica Popular da China ha' quase 6 anos, a presenca de Portugal continua bem presente. Macau foi, e' e agora, sera' sempre um museu vivo, testemunha dos primeiros tempos daquilo a que hoje se chama globalizacao. Apesar do actual enorme e acelerado desenvolvimento, Macau conseguiu a manter quase inalterado o charme duma epoca quando as cidades tinham uma escala mais humana. 




