Friday, March 24, 2006

Resilience

"Por muito que os anos passem pelos estragos, por muito que as feridas sejam lambidas e as gerações sejam erguidas sobre os escombros, a memória vai sedimentar-se. E vai, complacentemente, instalar-se no cantinho dos sentimentos de perda que o povo guarda. Cada um a sentir à sua maneira."
by Catatau - Porto, 22 de Março de 2006

...enxugando as lagrimas em sorrisos!

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photos by me @ Sri Lanka, Jan/Feb 2006

Thursday, March 23, 2006

Reconstrução

No Sri Lanka, a reconstrução das zonas destruidas pelo tsunami tem vindo a ser lenta. Perdem-se os recursos e o tempo entre a corrupcão e a decisão de construir mais a interior.
Entretanto, cansados de viverem em tendas, os sobreviventes poem as proprias mãos 'a obra e reconstroem as suas casas com os proprios destroços.

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Mais do que nas paredes que persistem erguidas no vazio da desolação...

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Mais do que nos pedidos de ajuda...

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E' na tristeza dos olhares de quem tudo perdeu, onde se reconhece a esperança e uma timida vontade de voltar a viver.

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E assim, com todos os poucos e humildes meios que lhes e' possivel tocar,

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Tentam reedificar o vazio e a dignidade.

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E do nada, renascem frageis construções

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Tal grandes edificações, celebram e marcam o renascer, confirmando que ali, ha' de novo, vida!

Wednesday, March 22, 2006

Testemunhos duma força destruidora

Um ano depois de ter precorrido horrorizado, a costa do sudeste do Sri Lanka, pareceu-me que infelizmente pouco tinha mudado.
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Tal como no ano passado, a paisagem repete-se sem fim: kilometros apos kilometros de ceu azul, de mar tranquilo e de palmeiras verdes.
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Um cenario quase idílico... nao fosse a devastação e a destruição serem tambem uma constante ao longo desta costa violentamente agredida.
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As ruinas vazias e abandonadas, testemunham a força destruidora que por la' passou e que em poucos minutos transformou o paraiso num inferno mortifero.
No meio de tanta destruição, ficou-me na memoria algo que tinha visto de relance o ano passado mas que mais tarde duvidei se realmente o tinha visto. Este ano pude confirmar que afinal nao tinha sido imaginação minha:
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La' estava, a laje de betao armado, dobrada a meio, abraçando o tronco duma palmeira, como se de uma folha de cartao se tratasse.

Um pouco por toda a parte, pode-se obervar outros promenores, que de forma quase cientifica, nos transmitem a intensidade dessa força destruidora:

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Como por exemplo, tijolos heroicamente erguidos com argamassas miraculosas mas feridos como se tivessem sido submetidos 'a forca de erosão de seculos;

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ou barras de ferro dobradas como de folhas de papel se tratasse.

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Mas talvez nao haja indicador mais intenso, do que a dor estampada na cara do homem que ficou sozinho apenas com as ruinas das paredes daquilo que ate' 'a manha de 26 de Dezembro de 2004, tinha sido o seu lar e o da sua familia, agora desaparecida.

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Um ano depois, apenas a vegetação, avança timidamente tentando encobrir aquilo que os homens nao esquecem.

Monday, March 20, 2006

The Queen of the Sea

Image hosting by PhotobucketParalelamente ‘a costa do sudeste do Sri Lanka e muito proxima do mar, estende-se a linha de comboio que faz o trajecto de Colombo ao Forte de Galle e prossegue ate' Matara, cidade na ponta sul da ilha.
A rede rodoviaria no Sri Lanka e’ bastante humilde e rudimentar, sendo o comboio, o meio de transporte mais conveniente, que liga as varias comunidades costeiras do sudeste do Sri Lanka.

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Esta rota e' a arteria principal por onde a vida circula e e’ destribuida na regiao. Do reconhecimento de tal importancia, a maquina que precorre este trajecto, foi majestosamente baptizada de Rainha do Mar.

Nela andam todos os dias,
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as maes das aldeias que levam as criancas aos medicos das cidades;

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as criancas que se deslocam 'as escolas secundarias de povoacoes maiores;

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os jovens que conseguiram chegar 'as universidades; os monges budistas;

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as familias migradas que visitam os parentes; os turistas, os vendedores ambulantes a bordo;

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as criancas, as criancas...

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Sob a venia das palmeiras, a Rainha do Mar sobe e desce graciosamente a costa, precorrendo este mesmo trajecto ha' decadas, piscando sempre o olho ao Indico que a observa de forma, quase sempre de postura serena.
Essa serenidade foi, na manha do dia 26 de Dezembro de 2004, violentamente quebrada.
A Rainha do Mar tinha partido de Colombo ‘as 7:30 da manha com cerca de mil passageiros. Image hosting by Photobucket
Pouco depois das 9 da manha, a cerca de 20 kms antes da cidade de Galle (proximo da escola sem paredes), num sitio onde a linha de comboio passa mais a interior do que resto do percurso (a cerca de 300 m da costa), uma muralha de agua, de 6 metros de altura abate-se sobre o comboio, arrancando-o violentamente do seu trilho, levando tudo ‘a frente, palmeiras, comboio, pessoas e a propria linha.
Foi uma tragedia no meio da tragedia e ate’ hoje nao se sabe quantas pessoas morreram ao certo estimando-se um numero proximo das 800.

Um ano depois, as vitimas choradas, as lagrimas enxugadas e a linha reparada, a Rainha do Mar voltou a percorrer o seu caminho
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e de novo pisca os olhos ao Indico, como se nunca tivesse sido traida...

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mas por dentro carrega consigo a dor da recordacao,

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dificil de se apagar quando as feridas continuam abertas!

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Dedico este post 'as vitimas e aos sobreviventes deste desastre ferroviario, aquando do Tsunami do Indico, ocorrido no dia 26 de Dezembro de 2004.

Relato dum sobrevivente aqui.