Paralelamente ‘a costa do sudeste do Sri Lanka e muito proxima do mar, estende-se a linha de comboio que faz o trajecto de Colombo ao Forte de Galle e prossegue ate' Matara, cidade na ponta sul da ilha.
A rede rodoviaria no Sri Lanka e’ bastante humilde e rudimentar, sendo o comboio, o meio de transporte mais conveniente, que liga as varias comunidades costeiras do sudeste do Sri Lanka.
Esta rota e' a arteria principal por onde a vida circula e e’ destribuida na regiao. Do reconhecimento de tal importancia, a maquina que precorre este trajecto, foi majestosamente baptizada de Rainha do Mar.
Nela andam todos os dias,
as maes das aldeias que levam as criancas aos medicos das cidades;
as criancas que se deslocam 'as escolas secundarias de povoacoes maiores;
os jovens que conseguiram chegar 'as universidades; os monges budistas;
as familias migradas que visitam os parentes; os turistas, os vendedores ambulantes a bordo;
as criancas, as criancas...
Sob a venia das palmeiras, a Rainha do Mar sobe e desce graciosamente a costa, precorrendo este mesmo trajecto ha' decadas, piscando sempre o olho ao Indico que a observa de forma, quase sempre de postura serena.
Essa serenidade foi, na manha do dia 26 de Dezembro de 2004, violentamente quebrada.
A Rainha do Mar tinha partido de Colombo ‘as 7:30 da manha com cerca de mil passageiros.
Pouco depois das 9 da manha, a cerca de 20 kms antes da cidade de Galle (proximo da
escola sem paredes), num sitio onde a linha de comboio passa mais a interior do que resto do percurso (a cerca de 300 m da costa), uma muralha de agua, de 6 metros de altura abate-se sobre o comboio, arrancando-o violentamente do seu trilho, levando tudo ‘a frente, palmeiras, comboio, pessoas e a propria linha.
Foi uma tragedia no meio da tragedia e ate’ hoje nao se sabe quantas pessoas morreram ao certo estimando-se um numero proximo das 800.
Um ano depois, as vitimas choradas, as lagrimas enxugadas e a linha reparada, a Rainha do Mar voltou a percorrer o seu caminho
e de novo pisca os olhos ao Indico, como se nunca tivesse sido traida...
mas por dentro carrega consigo a dor da recordacao,
dificil de se apagar quando as feridas continuam abertas!
Dedico este post 'as vitimas e aos sobreviventes deste desastre ferroviario, aquando do Tsunami do Indico, ocorrido no dia 26 de Dezembro de 2004.
Relato dum sobrevivente
aqui.