reedicao do post publicado aqui, em Julho 2006:
Tal como o calor na Birmania, o seu governo tambem abrasa e "queima" quem discordar e nao cumprir com as regras da ditadura militar.
Os conceitos de democracia e liberdade na Birmania, sao infelizmente ja' de si dificeis de imaginar, pois oficialmente nem existem.
Estes sao os primeiros aspectos a nao passar despercebidos aos recem chegados. Para a agressevidade do clima, nao ha' sinais de aviso, mas para o clima politico, ha' um pouco por todo o lado, placards com slogans que servem para "educar" tanto os cidadaos como os eventuais visitantes que nao tenham logo compreedido onde se encontram.
- Oppose those relying on external elements, acting as stooges, holding negative views.
- Oppose those trying to jeopardize stability of the State and progress of the nation.
- Oppose foreign nations interfering in internal affairs of the State.
- Crush all internal and external destructive elements as the common enemy.
traducao livre:
- Opoem-te 'aqueles que se baseiam em elementos exteriores, procedem mal possuindo pontos de vista negativos;
- Opem-te 'aqueles que tentam minar a estabilidade do Estado e progresso da cao;
- Opem-te 'as nacoes estrangeiras que inteferem nos assuntos internos do Estado;
- Esmaga todos os elementos destrutivos, internos ou externos, considerados inimigos.
O isolamento da Birmania do resto do mundo, e' patente e a sensacao de se recuar no tempo e' estranhamente nao fantasia.
O "progresso" parou com a retirada dos colonialistas e nem a manutencao do que ja' existia se iniciou. A corrupcao da ditadura, cria pobreza.
A cal e o asfalto vao se degradando, consomindo as pessoas e infrastruturas ate' ao ultimo tijolo.
O comercio e' quase inexistente, para alem dos mercados e dos pequenos cantos de rua que vendem cha', frutas e agua de gelo.
O entretenimento era na altura proibido. Tinha recentemente fechado o unico pub "Johnny Guitar" que passava musica estrangeira e atraia turistas. Uma capital sem um bar, apenas os cantos de rua com pequenos bancos de plastico, serviam a local de encontro.
'A noite, as ruas ficam desertas e a escuridao e o silencio abatem-se sobre a cidade e os seus habitantes.
Os meios de transporte eram tambem muito rudimentares e inexistentes
sendo o caminhar o mais corrente deles todos.
Em vez de autocarros, eram as camionetas de carga apinhadas de gente
que serviam para transportar pessoas, nos percursos mais longos.
Yangon (1) e' apesar de tudo, uma cidade povoada de gente simpatica e humilde, visivelmente assustada pela propria tentacao de se aproximarem e falarem com turistas. A sensacao de "big brother is watching you" e' incrivel e visivelmente sentida, havendo mesmo teorias que defendem que George Orwell visualizou a Birmania de hoje, quando escreveu "1984".
Abril em Rangoon e' como todos os outros meses, sem liberdade e sem democracia apenas com uma pequena diferenca: Abril em Rangoon e' um mes que o sol imita o govermo, mirando ferozmente o povo como um deus enfurecido (2).
(1) Yangon e' formada por duas palavras "yan" que significa "inimigos" e "koun", "livrar-se de", o que em traducao livre para portugues, seria qualquer coisa como "Livrar-se de inimigos", o que pessoalmente acho um nome descabido para uma capital e por isso prefiro chamar-lhe Rangoon.
photos by Nic @ Rangoon, Burma - April 1998