Descriptions and impressions acquired when travelling abroad... As viagens aqui blogueadas, sao percursos fisicos e mentais, feitos fora da minha terra...
Friday, December 23, 2005
Thursday, December 22, 2005
Wednesday, December 21, 2005
Viagens na minha presente terra - Tainan
'As vezes viaja-se para longe 'a procura de beleza sem reparar naquela que esta' bem perto de nos, na nossa propria terra.
Nao queria terminar o ano, sem dar uma pequena volta pela terra onde vivo, a cidade de Tainan, e deixar aqui registado algumas das razoes que me fazem gostar tanto dela e chama-la a minha terra.
Tainan e' uma cidade charmosa, foi capital de Taiwan no seculo XVII, altura em que os povos europeus andavam por esta zona a reclamar posse de territorios alheios. Tainan foi o berço de filosofias, academias e religioes da Ilha de Taiwan.
Hoje e' considerada a cidade mais pituresca e tradicional de Taiwan, com o maior numero e diversidade de templos religiosos, razao pela qual lhe chamo "Kyoto de Taiwan".
Apesar dos cerca de 800 mil habitantes, e' uma cidadezinha que conservou o charme caracteristico duma pequena cidade da provincia, de gentes humildes e de tradicoes seculares bem vivas. Em Tainan, celebram-se os aniversarios de todos os deuses e quase todos os fins de semana ha cortejos alegoricos com muita musica e foguetes.
Tainan e' uma cidade que liberta e nos involve em energias positivas!
Palacios e pagodas, templos e jardins, avivam o passado integrando-o no presente.
Os invasores de outrora sao hoje homenageados e o passado e' evocado nos espetaculos de operas ambulantes fazendo-nos entrar em mundos de "Farewell my Concubine".
In Tainan, not all roofs are straight
And not all doors are square
Games that people play... Brincar, jogar e competir aqui tambem fazem parte do viver
Realcando sempre a harmonia da relacao das pessoas com a natureza. A agua e os peixes sao elementos valiosos para o equilibrio e serenidade do modo de vida em Tainan.
Os parques com arvores centenarias e tropicais dao-nos a sencao que estamos em plena selva...
As arvores gigantes lembram-nos de quao pequeninos nos somos
Tainan, e' uma cidade romantica, que nos faz sonhar e acreditar que ha de facto palacios flutuantes e jangadas de pedra...
A primavera aqui e' residente permanente, o ano inteiro...
E de pois deste passeio, se ainda tivessemos alguma duvida da existencia dum lugar assim, bastaria olhar para uma criança e e sentir o que o seu sorriso reflecte!
Nao queria terminar o ano, sem dar uma pequena volta pela terra onde vivo, a cidade de Tainan, e deixar aqui registado algumas das razoes que me fazem gostar tanto dela e chama-la a minha terra.
Tainan e' uma cidade charmosa, foi capital de Taiwan no seculo XVII, altura em que os povos europeus andavam por esta zona a reclamar posse de territorios alheios. Tainan foi o berço de filosofias, academias e religioes da Ilha de Taiwan.
Hoje e' considerada a cidade mais pituresca e tradicional de Taiwan, com o maior numero e diversidade de templos religiosos, razao pela qual lhe chamo "Kyoto de Taiwan".
Apesar dos cerca de 800 mil habitantes, e' uma cidadezinha que conservou o charme caracteristico duma pequena cidade da provincia, de gentes humildes e de tradicoes seculares bem vivas. Em Tainan, celebram-se os aniversarios de todos os deuses e quase todos os fins de semana ha cortejos alegoricos com muita musica e foguetes.
Tainan e' uma cidade que liberta e nos involve em energias positivas!
Palacios e pagodas, templos e jardins, avivam o passado integrando-o no presente.
Os invasores de outrora sao hoje homenageados e o passado e' evocado nos espetaculos de operas ambulantes fazendo-nos entrar em mundos de "Farewell my Concubine".
In Tainan, not all roofs are straight
And not all doors are square
Games that people play... Brincar, jogar e competir aqui tambem fazem parte do viver
Realcando sempre a harmonia da relacao das pessoas com a natureza. A agua e os peixes sao elementos valiosos para o equilibrio e serenidade do modo de vida em Tainan.
Os parques com arvores centenarias e tropicais dao-nos a sencao que estamos em plena selva...
As arvores gigantes lembram-nos de quao pequeninos nos somos
Tainan, e' uma cidade romantica, que nos faz sonhar e acreditar que ha de facto palacios flutuantes e jangadas de pedra...
A primavera aqui e' residente permanente, o ano inteiro...
E de pois deste passeio, se ainda tivessemos alguma duvida da existencia dum lugar assim, bastaria olhar para uma criança e e sentir o que o seu sorriso reflecte!
Tuesday, December 20, 2005
O dia seguinte - A festa do Povo
20 de Dezembro de 1999 foi uma segunda-feira cheia de sol, era o primeiro dia da Região Administrativa Especial de Macau.
Logo de manha, o sol e o povo encheram as ruas da cidade. O ambiente era de festa, nao daquelas solenes, silenciosas e cinzentas, mas sim de festa popular cheia de musica, cores e barulho.
O acontecimento mais emotivo das celebracoes, por razoes historicas e por incertezas futuras, era sem duvida, a entrada no territorio, das tropas do exército vermelho.
O tambem chamado Exército de Libertação do Povo iria entrar em Macau pela antes tao defendida fronteira terrestre de Zhouhai, as Portas do Cerco.
Passava poucos minutos do meio dia, quando as portas se abriram e o primeiro veiculo do cortejo avancou lentamente. Sobre este veiculo, estavam 3 soldados extremamente aprumados, de ar altivo e sem qualquer expressao facial. O do meio erguia a bandeira da Republica Popular da China. Eram os primeiros soldados do exército vermelho a entrarem em Macau, em missao de paz.
A tensao e a apreensao tomaram conta do povo, silenciando-o por breves instantes, em pensamentos cruzados entre o medo e a admiracao.
Logo de seguida apareceram os primeiros camioes militares seguidos pelos tanques.
Talvez a admiracao tivesse dominado o medo fazendo com que o povo reagisse ao desfile, comecando a aplaudir intensamente.
Camiao, atraz de camiao,
carregados de soldados sempre de postura altiva,
iao desfilando
e o povo visivelmente acordado e entusiasmado,aplaudia genuinamente e dava as boas vindas,
provocando sorrisos nos soldados libertadores.
Depressa se sentiu que as espressoes inicialmente intimadoras, nao eram mais do que uma demonstracao profissional.
E no final do cortejo, nao houve qualquer impedimento da policia, para que o povo se mistura-se com os soldados em ambiente de arraial.
Sem medo, celebrava-se os primeiros momentos do primeiro dia de Macau descolonizado e ironicamente com o Exército de Libertação.
Hoje, contrariamente a ontem, a festa era do Povo!
photo by me @ Macau, 20 Dec.1999
Logo de manha, o sol e o povo encheram as ruas da cidade. O ambiente era de festa, nao daquelas solenes, silenciosas e cinzentas, mas sim de festa popular cheia de musica, cores e barulho.
O acontecimento mais emotivo das celebracoes, por razoes historicas e por incertezas futuras, era sem duvida, a entrada no territorio, das tropas do exército vermelho.
O tambem chamado Exército de Libertação do Povo iria entrar em Macau pela antes tao defendida fronteira terrestre de Zhouhai, as Portas do Cerco.
Passava poucos minutos do meio dia, quando as portas se abriram e o primeiro veiculo do cortejo avancou lentamente. Sobre este veiculo, estavam 3 soldados extremamente aprumados, de ar altivo e sem qualquer expressao facial. O do meio erguia a bandeira da Republica Popular da China. Eram os primeiros soldados do exército vermelho a entrarem em Macau, em missao de paz.
A tensao e a apreensao tomaram conta do povo, silenciando-o por breves instantes, em pensamentos cruzados entre o medo e a admiracao.
Logo de seguida apareceram os primeiros camioes militares seguidos pelos tanques.
Talvez a admiracao tivesse dominado o medo fazendo com que o povo reagisse ao desfile, comecando a aplaudir intensamente.
Camiao, atraz de camiao,
carregados de soldados sempre de postura altiva,
iao desfilando
e o povo visivelmente acordado e entusiasmado,aplaudia genuinamente e dava as boas vindas,
provocando sorrisos nos soldados libertadores.
Depressa se sentiu que as espressoes inicialmente intimadoras, nao eram mais do que uma demonstracao profissional.
E no final do cortejo, nao houve qualquer impedimento da policia, para que o povo se mistura-se com os soldados em ambiente de arraial.
Sem medo, celebrava-se os primeiros momentos do primeiro dia de Macau descolonizado e ironicamente com o Exército de Libertação.
Hoje, contrariamente a ontem, a festa era do Povo!
photo by me @ Macau, 20 Dec.1999
Monday, December 19, 2005
O ultimo dia dum imperio
19 de Dezembro de 1999 foi um domingo cinzento.
O planeta preparava-se para um eventual e controverso ataque do Y2K, Hong Kong continuava no farnesim das compras de Natal e do outro lado do estuario do Rio das Perolas, Macau preparava-se para retornar 'a patria-mae.
Apesar da rotina e duma certa indiferenca de Hong Kong, algures no coracao da ilha, ouvia-se uma voz cantada em portugues, invocando tristeza e dor pela perca de algo insubstituivel. Talvez fosse alguem a prepara-se para a cerimonia ou talvez alguem que tivesse perdido a pessoa amada, torturando-se com a esperanca de comprar o seu regresso pelo irrisorio preço de uma lagrima.
Foi neste cenario cinzento de perda e de dor, que por coincidencia de nomes, embarcamos no Santa Maria a caminho de Macau para testemunhar o ultimo dia do imperio na ultima colonia portuguesa.
Ao chegar a Macau, a bandeira portuguesa recebe-nos, continuando a demarcar o territorio como Portugues.
O ambiente era de festa, nao daquelas populares cheias de musica, cores e barulho mas sim de festa solene, silenciosa e cinzenta.
O presidente portugues Jorge Sampaio ja se encontrava no territorio e o presidente da China, Jiang Zemin iria chegar ao fim da manha.
Os cartazes diziam que o povo de Macau dava as boas vindas aos dois presidentes e um pouco por toda a parte juntaram-se bandeiras da China, 'as bandeiras de Portugal.
Estava tudo a postos para se iniciar a grande gala, os tapetes vermelhos estavam estendidos para verem desfilar as tristezas duns e as alegrias doutros.
A policia de seguranca publica manteve-se a postos para cumprir as ultimas ordens do governo portugues, impedindo a aproximacao do povo de Macau, da zona das festas, dos cocktails, jantares de gala e cerimonia oficial.
Do lado de la do tapete vermelho, ouve-se de novo a voz cantada, invocando perca e tristeza.
O governo Portugues (la dentro), despede-se assim do povo de Macau (la fora), numa festa de gala, onde a maioria dos convidados tinham vindo de Lisboa.
Ca' fora, a bandeira de Portugal, esvoaça pela ultima vez, numa colonia portuguesa...
...num ceu que vai-se transformando de cinzento a vermelho, como que a anunciar o dia de amanha.
A noite finalmente cai sobre Macau, 'as 23:30H comecam as cerimonias oficiais que culminam 'a meia noite com a troca de bandeiras, pondo fim a um periodo de mais de 500 anos de historia de Macau como colonia e de Portugal como imperio.
La fora, nada parecia ter mudado, o planeta continuava 'a espera do ataque do Y2K.
As lagrimas nao traziam de volta a colonia nem tao pouco um amor perdido, ambos passaram a ser memorias do passado.
Macau agora dorme sem se preocupar pela primeira vez, com a chegada de amanha das tropas do exercito vermelho.
photos by me @ Macau, 19 Dec. 1999
O planeta preparava-se para um eventual e controverso ataque do Y2K, Hong Kong continuava no farnesim das compras de Natal e do outro lado do estuario do Rio das Perolas, Macau preparava-se para retornar 'a patria-mae.
Apesar da rotina e duma certa indiferenca de Hong Kong, algures no coracao da ilha, ouvia-se uma voz cantada em portugues, invocando tristeza e dor pela perca de algo insubstituivel. Talvez fosse alguem a prepara-se para a cerimonia ou talvez alguem que tivesse perdido a pessoa amada, torturando-se com a esperanca de comprar o seu regresso pelo irrisorio preço de uma lagrima.
Foi neste cenario cinzento de perda e de dor, que por coincidencia de nomes, embarcamos no Santa Maria a caminho de Macau para testemunhar o ultimo dia do imperio na ultima colonia portuguesa.
Ao chegar a Macau, a bandeira portuguesa recebe-nos, continuando a demarcar o territorio como Portugues.
O ambiente era de festa, nao daquelas populares cheias de musica, cores e barulho mas sim de festa solene, silenciosa e cinzenta.
O presidente portugues Jorge Sampaio ja se encontrava no territorio e o presidente da China, Jiang Zemin iria chegar ao fim da manha.
Os cartazes diziam que o povo de Macau dava as boas vindas aos dois presidentes e um pouco por toda a parte juntaram-se bandeiras da China, 'as bandeiras de Portugal.
Estava tudo a postos para se iniciar a grande gala, os tapetes vermelhos estavam estendidos para verem desfilar as tristezas duns e as alegrias doutros.
A policia de seguranca publica manteve-se a postos para cumprir as ultimas ordens do governo portugues, impedindo a aproximacao do povo de Macau, da zona das festas, dos cocktails, jantares de gala e cerimonia oficial.
Do lado de la do tapete vermelho, ouve-se de novo a voz cantada, invocando perca e tristeza.
O governo Portugues (la dentro), despede-se assim do povo de Macau (la fora), numa festa de gala, onde a maioria dos convidados tinham vindo de Lisboa.
Ca' fora, a bandeira de Portugal, esvoaça pela ultima vez, numa colonia portuguesa...
...num ceu que vai-se transformando de cinzento a vermelho, como que a anunciar o dia de amanha.
A noite finalmente cai sobre Macau, 'as 23:30H comecam as cerimonias oficiais que culminam 'a meia noite com a troca de bandeiras, pondo fim a um periodo de mais de 500 anos de historia de Macau como colonia e de Portugal como imperio.
La fora, nada parecia ter mudado, o planeta continuava 'a espera do ataque do Y2K.
As lagrimas nao traziam de volta a colonia nem tao pouco um amor perdido, ambos passaram a ser memorias do passado.
Macau agora dorme sem se preocupar pela primeira vez, com a chegada de amanha das tropas do exercito vermelho.
photos by me @ Macau, 19 Dec. 1999
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