Pernoitar num mosteiro budista, significa ir dormir quando o sol se esconde. 'As primeiras impressoes, podera' nos parecer um absurdo, mas depois duma viagem fatigante e tendo em conta a calmaria que nos rodeia, depressa se conclui que e' uma optima ideia. Os dormitorios sao obviamente tao humildes como basicos, fazendo lembrar o que deveriam ter sido as estalagem da antiguidade. O vento a sacudir as bandeiras de buda e a fatiga que nos sacudiu, embala-nos num sono profundo e sonhado com realidades e fantasias que se confundem.
Antes do nascer do sol, por volta das 4 da manha, comecam as oraçoes. Cantares hipnotisantes espalham-se em eco, ocupando o vazio do silencio. Com eles, despertamos dos sonhos e por momentos nao distinguimos a realidade da fantasia.
Quando la' embaixo, o sol começa a espreitar, o ar gélido aquece, tornando menos penoso os banhos nas aguas glaciares.
A pouco e pouco a vida renasce no mosteiro.
As actividades para a preparacao da primeira refeicao ocupa os residentes que repartem as tarefas de forma organizada.
Finalmente, por volta das 6:00 da manha, o ar fresco da montanha e' invadido por ondas de caril.
E todos se sentam 'a mesa para participarem na parte mais amarga desta experiencia.
O pequeno almoco consiste num caril picantissimo de legumes, acompanhado com uma especie de miolo de pao sem sal e regado com cha'.
O que torna o pequeno almoco, numa aventura amarga, para quem nao esta' habituado a sabores que vao para alem do exotico, e' precisamente o cha'.
Para quem estiver 'a espera dum cha' aromatico, com mel, limao ou leite, esqueça, pois ira' saborear uma grande decepcçao.
Tal como no Tibete, o cha' aqui e' diluido com mateiga de Yak (especie de bizonte ou bufalo), dando-lhe um aroma e sabor extremamente fortes e temperado com sal. Quando todos os olhares caiem sobre nos e quando nao queremos decepcionar, engolimos e sorrimos e dizemos obrigado por nos terem recebido.
Com um certo habito, nao havendo alternativa e depois de algum tempo (muito), todos certamente acabarao por se tornar amantes deste amargo e salgado cha' com aroma a yak. Afinal e' a bebida que mais se bebe por aqui. (Esqueci-me de dizer que tambem e' a unica disponivel?)
Cha', horarios e dieta rígida, 'a parte, prenoitar num mosteiro budista e' uma experiencia enriquecedora e certamente inesquecivel!
Uma viagem tao longe, para chegarmos mais proximos de nos!
photos by Nic at Namobuddha Buddhist monastery, Nepal - april 2000
2 comments:
Há experuiências que nos marcam. Há locais que nos faem engradecer, nos fazem olhar para dentro de nós e nos tornam diferentes, tal como a experiência no mosteiro que tu descreves.
Outra há, que pela sua estranheza ficam na memória, tal como o joelho de YAK que comi quando estive em Pequim...essa sim foi uma experiência alimentícia a não esquecer e... a não repetir! :)
E' isso tudo mafi, e muitas as vezes os lugares mais marcantes sao-o por razoes menos visiveis!
ps..LOL joellho de Yak, imagino que nunca mais bvais esquecer. Se fores ao Tibete um dia, prepara-te porque a comida po la' e' tudo Yak Yak Yak...LOL
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