Monday, October 02, 2006

Um inicio num fim...

Ha' ja' algum tempo que tinha deixado de te procurar.
Inicialmente porque nao sabia o que realmente queria e nem mesmo mais tarde, quando a tua imagem se tornou mais bem defenida, porque deixei de ter ilusoes que os requesitos criados por nos, nao se encontram disponiveis, como um produto nas prateleiras dum supermercado. E ainda muito menos quando se vive no seio duma cultura tao diferente da nossa - pensava eu.
Nao e' que essa constatação me causasse algum desconforto, antes pelo contrario, a vida continuava a sorrir-me.
Tinha finalmente - pensava eu - atingido a serenidade necessaria para encarar a vida de forma mais realista, mesmo ate' aceitando bem a ideia de que o conceito de "alma-gemea", nao era mais do que um ideal, apenas visionado por nos todos.
Paralelamente a este processo de crescimento interior, sem nunca me ter posto grandes questoes, via-te de vez em quando ca' fora no meu mundo exterior, ao longe, no teu proprio mundo com os teus amigos. Observava-te e admirava-te nao so' pela tua beleza fisica - essa e' obviamente visivel - mas tambem pela boa energia que emitias. Nas varias vezes que os nossos olhares se cruzaram, sentia vinda de ti, uma energia tao forte que me deixava quase paralisado. Os meses foram-se passando, talvez 2 ou 3 anos e apesar de querer, estava demasiadamente distraido, nunca conseguindo vencer as barreiras emocionais e contextuais que me impediam de me aproximar de ti.
O que eu via em ti era demasiadamente especial, para eu me aproximar, naquele espaco com musica e apinhado de gente. Nao queria que o nosso encontro fosse apenas um encontro banal, daqueles que acontecem nas discotecas e bares entre copos e pistas de dancas... Preferia continuar a te observar ate' que o momento certo se proporcionasse naturalmente.
Sabado passado era a minha festa de despedida. A minha ultima noite nesse espaco onde te via de vez em quando, ao longo dos ultimos dois ou tres anos. Por coincidencia, ou talvez nao, foste a primeira pessoa que vi quando entrei. De novo apenas se deu a troca de olhares e de sorrisos e de novo uma certa tensao se apoderou de mim. Dirigi-me ao bar, pedi um bebida e subi ao andar de cima. Ja' nao me recordo como se passou exactamente, so' me lembro que passado algum tempo estavas ao meu lado e nessa altura, sabia que apesar do sitio nao ser o melhor, pensei e agi rapido de modo a evitar uma grande conversa. Disse-te que em breve ia deixar o país e que gostava de te dizer algo antes de partir, mas ali nao era o sitio ideal e por isso preferia te enviar um email. Tu sorriste e foste-te embora para voltar logo de seguida com um papelinho com o teu email. Conversamos um pouco ou pelo menos tentamos e o pouco que te disse senti que ja' o sabias. Os amigos, a musica e a ocasiao, acabou por nos distrair e de novo nos separamos, mas desta vez fiquei contente por saber que finalmente te iria poder dizer o que queria ha' muito tempo.
Mais tarde voltamos-nos a encontrar e entre a conversa casual, disseste-me que foste ver o filme canadiano "Crazy" e confessaste-me que choraste durante o filme. Fiquei curiosissimo para ir ver o filme, ficando com uma certeza de que vou gostar. A conversa tomou um rumo interessante, de relacoes inter-pessoais, falei-te do livro "Uma Casa no Fim do Mundo" e tu falaste-me do livro que andas a ler, depois descobrimos que afinal tinhamos lido muitos livros em comum e que as interpretacoes pessoais que ambos tinhamos eram concordantes. 'A medida que a conversa prosseguia, mesmo ao som altissimo da musica, ia descobrindo em ti caracteristicas que eu nunca imaginei que existissem em ti. Caracteristicas que eu admiro e de certa forma procuro nos outros e julgava (por experiencia propria) erradamente, inexistentes ou pelo menos rarissimas em pessoas com um perfil semelhante ao teu. Depois de ter conversado contigo, percebi de onde vinha a tua boa energia e da forma como te relacionas com a vida...

Vou parar por aqui com o relato dessa noite, supostamente planeada para marcar um fim acabou acabou por marcar um comeco... nao sei bem de que mas sei que foi o inicio de algo que mexeu comigo.
O resto da noite foi a evolucao do processo de conhecimento recíproco e uma sucessao de admiracoes e quase espantos, 'a medida que iamos descobrindo o quanto os nossos mundos interiores se tocam... quase perfeito demais para ser real!

Desde ontem de manha, quando te deixei 'a porta da tua casa, ando a pensar que talvez esse tal conceito de "alma-gemea" existe mesmo e que aquela estoria Arabe que diz que somos meia-laranja e que algures existe a outra meia que nos fara' sentir completos, tem sentido!

Sera' que logo agora que estou de partida para longe, encontro aqui quem eu sempre procurava?!
Porque nao estive mais atento aos sinais que pressentia e nao agi mais rapidamente?
Deverei desviar o meu caminho ja' tracado, voltar para traz para ficar mais perto de ti?
Um nao acabar de questoes, para as quais tenho que arranjar respostas de imediato, quase que me atormentam... pois sei que o tempo nao para.
A vida - marota que e'- pregou-me esta partida de surpresa, quando menos esperava... e eu ainda nao estou bem a ver o que ela me quer dizer com isto...


walking home around 05:30 am:

- Butterfly... you know butterfly?!
- a movie... a book?
- No, just butterfly... you remind me of butterflies
- Oh... how come?!
- butterflies are human soul...
(...)




I didn't know that, thank you!

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