Ainda nao aterrei a 100%, tenho a mente a voar algures entre Lisboa e Zurich ou talvez mais a oriente.
A relativa imobilidade fisica e' equilibrada pelo dinamismo mental da visualizacao das ultimas 2 semanas.
A viagem de regresso, apesar de ter comecado menos bem (detido por um securita do controle de passaportes - tripping on power - que nao me deixava partir para logo ser libertado por um agente da policia charmoso e bem educado) acabou por se revelar deliciosa, vivida a cada momento com a consciencia e pena da sua efemeridade.
A delicia nao se deveu apenas ao facto de ter umas vistas interessantissimas, la' fora (gosto do contraste do vermelho no azul ceu) e ca' dentro (a companhia do lado era a personalizacao dum sonho) mas sobretudo porque deu tambem para fazer o balanco mental do percurso fisico dos ultimos dias.
Todas as caras, todos os momentos, todas as vozes e palavras me veem 'a mente e misturam-se numa tela surrealista. Trago um pouco de toda a gente comigo, neste voo silencioso, perfumado dum aroma de erva cidreira.
Esta viagem nao foi tanto uma descoberta do desconhecido, mas mais um aprofundamento do familiar.
Foi o encontro com pessoas, das quais apenas conhecia os seus perfis psicologicos, projectados por elas mesmas e interpretados por mim. Foi agradavel a confirmacao do meu imaginario, como se estivesse a rever velhos amigos. Conheci um pouco melhor, pessoas dotadas de uma beleza interior que ja me fascinavam antes de as conhecer.
Foi uma viajem ao seio da essencia humana, uma dimensao que reconheco ser a minha zona confortavel, independentemente do espaco e das fronteiras onde a encontro.
E' com essa essencia humana que me identifico, me sinto na minha terra e neste sentido adopto em plenitude as palavras de Garret:
"Tenho visto alguma coisa do mundo, e apontado alguma coisa do que vi. De todas quantas viagens porém fiz, as que mais me interessaram sempre foram as viagens na minha terra."
João Batista Leitão de Almeida Garret
in Viagens na Minha Terra
Contactar com beleza interior e' viajar na essencia humana, e' de facto sentir-me no meu territorio e por isso estas ferias forma de facto uma viagem na minha terra.
E no fim, ainda a rever os ultimos momentos deste filme de emocoes, como se o universo tivesse reparado que lhe faltava o som para completar a obra, deparo-me com a Misia e gentilmente oferece-me aquela que viria a ser a banda sonora desta viagem, o seu ultimo album "Drama Box".
Obrigado a tod@s que contribuiram com os pedacos desta viagem na minha terra, guardada agora de forma tao viva com imagens, memorias, cheiros e sons.
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